Clique para ver ▼
- PRÉ-SOCRATICOS
Período Naturalista pré-socrático, em que o
interesse filosófico é voltado para o mundo da natureza. O primeiro período do
pensamento grego toma a denominação substancial de período naturalista, porque
a nascente especulação dos filósofos é instintivamente voltada para o mundo
exterior, julgando-se encontrar aí também o princípio unitário de todas as
coisas; e toma, a denominação cronológica
de período pré-socrático, porque precede Sócrates e os sofistas, que marcam uma
mudança e um desenvolvimento e, por conseguinte, o começo de um novo período na
história do pensamento grego. Surge e floresce fora da Grécia propriamente
dita, nas prósperas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia) e da Itália
meridional, da Sicília, favorecido sem dúvida na sua obra crítica e
especulativa pelas liberdades democráticas e pelo bem-estar econômico.
Os filósofos deste período preocuparam-se quase
exclusivamente com os problemas cosmológicos. Estudar o mundo exterior nos
elementos que o constituem, na sua origem e nas contínuas mudanças a que está
sujeito, é a grande questão que dá a este período seu caráter de unidade. Pelo
modo de a encarar e resolver, classificam-se os filósofos que nele floresceram
em quatro escolas: Escola Jônica; Escola Itálica; Escola Eleática; Escola
Atomística.A sua novidade foi romper com o pensamento mítico e usar a razão.
- CONCEPÇAO DE SER DE HERACLITO E
PARMENIDES
Heráclito procura explicar o mundo pelo
desenvolvimento de uma natureza comum a todas as coisas e em eterno movimento.
Ele afirma a estrutura contraditória e dinâmica do real. Para ele, tudo está em
constante modificação. Daí sua frase "Não nos banhamos duas vezes no mesmo
rio", já que nem o rio nem quem nele se banha são os mesmos em dois
momentos diferentes da existência. Parmênides, ao contrário, diz que o ser é
unidade e imobilidade e que a mutação não passa de aparência. Para Parmênides,
o ser é ainda completo, eterno e perfeito.
Heráclito e Parmênides: o
surgimento da filosofia entre o ser e o vir-a-ser
PARMÊNIDES
O primeiro passo tomado por Parmênides é tentar
ordenar a realidade; para isso, faz uso de duas classes; aquelas que são, e
aquelas que não são- ao observar a luz e a escuridão, por exemplo, observou que
a escuridão nada mais era que a negação as luz; como uma qualidade negativa; a
partir daí partiu para outros pares de opostos, leve e pesado, sutil e denso,
passivo e ativo, terra e fogo, frio e quente, etc. Parmênides relacionava uma
das características à luz, ou positiva, e a sua oposta, à escuridão, ou
negativa; depois que passou a denominá-las, simplesmente, "ser"
(positiva) e não-ser (negativa) , e postula também, que "O Ser é, e o Não-Ser
não é". Parmênides estava, então, diante de um grande problema; ele
precisava explicar como ocorre o movimento, ou o vir-a-ser (ou seja, a mudança;
um não- ser que se torna ser, ou um ser que se torna não-ser). Foi então que
Parmênides fez uma constatação sem precedente- ao decidir por seguir a lógica,
somente a lógica, Parmênides descobriu que não sabia de nada com certeza- livre
de certezas intuitivas, não fosse questionável, nada que fosse realmente claro
e certo. Assim, Parmênides partiu em uma busca por um pensamento fundamental,
algo que fosse evidente em si. Em Parmênides, esse pensamento se manifestou
como o Princípio da Identidade - "o que é, é", ou seja, "n"
é igual a "n", e somente igual a "n" - se "n" for
igual a "a", então nada mais pode ser do que "n" (você não
pode ser igual e diferente ao mesmo tempo). Isso parecia ser tão óbvio e tão
evidente que parecia ilógico que não fosse verdade.
Aqui entram as complicações de Parmênides- diante
do Ser e do Não-Ser, e da Identidade, ele não podia enxergar um caminho para
que ocorresse o vir-a - ser O Ser é, e o Não- ser não é, pensava Parmênides:
como pode-se dizer que "algo era", ou "algo será"? o ser
não pode vir do não- ser, pois o não- ser, é o nada e nada pode surgir do nada;
e se viesse do Ser, o que seria isso senão a criação de si mesmo? O
perecimento- o deixar de ser- também sofre do mesmo problema. Nesse momento,
Parmênides marcha para sua conclusão final- não há mudança, e, portanto, não há
distinção entre seres e não- seres. O homem que criticara Heráclito por sua
cegueira e surdez agora tinha como palavra de ordem a negação do que os
"sentidos mentirosos" lhe mostravam- o Ser é Uno, um único grande Ser
eterno que jamais se altera e a qual tudo, Seres e Não -Seres, são apenas
ilusões de si mesmo.
HERÁCLITO
Heráclito afirma que nada é permanente, que tudo
está em constante mutação, incessantemente; nesse ponto enxerga-se um paralelo
curioso com o pensamento oriental, embora as civilizações de onde surgiram
conceitos tão semelhantes ainda não tivessem entrado em contato com umas com as
outras; a respeito de sua vida, Heráclito nasceu em Efésios; conhecido por
desprezar quase todos, senão todos, os pensadores e poetas da sua época, não
teve mestre, dizendo na adolescência que "não sabia nada", e, na
idade adulta, que "sabia tudo". Heráclito, em seu comportamento
anti-social, resolveu se afastar da cidade e habitar os campos, se alimentando
apenas de ervas, o que lhe trouxe hidropisia, que acabou lhe matando. Conta-se
que teria retornado a Efésios e perguntado se seria possível curá-lo esvaziando
seus intestinos; como diziam que não, dizem que deitou em praça pública e deu o
comando que lhe cobrissem de esterco, para que o calor fizesse evaporar a água
que tanto lhe atormentava; tendo então morrido por sob uma pilha de esterco,
alguns dizem que teria sido sepultado na própria praça pública, enquanto outros
dizem que ele teria sido devorado pelos cachorros que ali passavam.
Heráclito foi também conhecido por Skoteinós, que
quer dizer "O Obscuro"- de fato, seus pensamentos muitas vezes
parecem contraditórios e sem sentido, e apesar de seu amor declarado por Lógos
(a lógica, a razão) ele não parece disposto a se utilizar tão exclusivamente
dela, como Parmênides, mesmo que seus pensamentos a respeito da lógica tenham sido
de fundamental importância para grandes pensadores como Aristóteles e Hegel.
Heráclito declara que tudo está em mutação, mas apenas o que permanece é- e o
que permanece, senão a própria mudança? Assim, ele denomina como Lógos essa lei
universal da mudança- o modo com que as coisas mudam- e ainda: "Todos
fazemos e dizemos segundo a participação do Lógos. Por isso devemos seguir
apenas a este entendimento universal. Muitos, porém, vivem como se tivessem um
entendimento próprio; o entendimento, porém, não é outra coisa que a
interpretação (o tomar consciência, a exposição, a convicção) dos modos da
ordenação do todo. Por isso, na medida em que tomamos no saber dele, estamos na
verdade; mas, na medida em que temos coisas particulares (próprias) , estamos na
ilusão"
Heráclito também parte da divisão do universo entre
dois pólos, "Seres" e "Não-Seres", e, também, enxerga a
unidade entre eles. No entanto, enquanto a unidade de Parmênides é idêntica e
imutável, a de Heráclito é "tensionada entre dois pólos"; assim,
mesmo que o Ser e o Não- Ser sejam parte e coabitem o mesmo, e, como diz em
suas obscuras palavras, "O ser é tão pouco como o não- ser; o devir é e
também não é", mesmo apesar de tudo isso, não quer dizer que você possa
descartá-los como simples ilusão. Dessa maneira, enquanto os eleatas mergulham
fundo em busca da essência verdadeira, daquilo que factualmente existe,
Heráclito faz uso de uma representação, o que, não se pode negar, é um avanço
considerável. A partir dessa nova visão dos pares de opostos Heráclito cria
idéias interessantes a partir de pares como "o todo e a parte",
"o que se une e o que se opõe"; dessa idéia de que os pólos sejam
simples abstrações e habitem o mesmo, conclui que, em suas próprias palavras,
"O Um, diferenciado de si mesmo, une-se consigo mesmo, como a harmonia do
arco e da lira". Essa harmonia seria Lógos, a razão, que une os opostos em
sons consoantes; como a composição grega é horizontal e não vertical, por
harmonia entende-se a maneira como sons tocados em sequência equilibram-se
entre si; daí a metáfora torna-se perfeita, como mudança.
Heráclito também teve uma participação marcante
juntamente dos jônicos, voltando-se novamente aos modelos físico- filosóficos;
e nesse ponto a partir de diferentes fontes encontra-se diferentes visões a
respeito de qual seria a essência ontológica; essas aparentes contradições
parecem ruir, pelo outro lado, quando se lembra que nada era permanente para
Heráclito (senão Lógos, a mudança em si) , e que ele parece estar mais
preocupado com determinar o ciclo de mudanças e a maneira como esta ocorre- e
daí a indicação do tempo como uma das essências ontológicas. Mesmo assim, ele
acende e se apaga.
De um lado, um mundo em repouso, onde tudo que se
movimenta é ilusão, nascida da lógica; pelo outro lado, um mundo onde tudo é
movimentado, onde as coisas nascem mas, nas palavras de Buda, "Você
deveria saber que todas as coisas nesse mundo são efêmeras- unir-se significa
inevitavelmente separar-se. Não se entristeça, pois tal é a natureza da vida",
uma visão gerada pela razão, mas também por um recém-nascido método
especulativo, baseado em como Lógos alcança a mente humana, e, no fundo, muitos
traços se intuição e misticismo, condenáveis não ao pensador, mas ao ser humano
por trás dele. E assim nascia a Filosofia
- FILOSOFOS PRE SOCRATICOS DA
ESCOLA JONICA.
A Jónia, no século VII a.C., é o
local onde nasceram as primeiras tentativas, plenamente racionais, de descrição
e explicação da natureza do mundo. Talvez por se encontrar num local central,
em que as comunicações com diversos povos e suas respetivas culturas são
privilégio e privilegiadas.
Foi em Mileto, na Jónia, que esta escola se desenvolveu. Os filósofos desta escola procuravam investigar os primeiros princípios, partindo da observação da natureza. O que lhes interessava era essencialmente o problema cosmológico, aparecendo aí o homem apenas como um ser entre os outros que constituem a natureza. O homem só aparece como objeto da filosofia, de facto, com Sócrates e, de algum modo com a sofística, mesmo se se considerar que nos fragmentos de Heraclito já está presente o homem, algumas vezes mesmo como centro da problemática.O que caracteriza a Escola Jónica, dentro da temática, já referida, da cosmologia e da cosmogonia é a sua conceção a um tempo unitária e pluralista do universo, visto que admite uma substância única como substância original de onde o cosmos, na sua diversidade, descende; mas defende a pluralidade dos elementos e dos seres como consequência desse momento primeiro. Por outro lado afirma ainda um hilozoísmo, quer dizer, uma união e indistinção entre matéria e espírito ou, dito de outro modo, a matéria animada por um espírito formando uma unidade indestrinçável.
Tales de Mileto é o fundador e inspirador da escola Jónica. Seguiu-se, em relação de aparente discipulado, Anaximandro, depois Anaxímines, de seguida Anaxágoras, Arquelau e, finalmente, Heraclito, este último aparecendo separado deste movimento, que embora conhecendo bem as doutrinas da escola, foi mais longe do que os seus antecessores.Tales, Anaximandro e Heraclito são os filósofos mais originais e criadores deste movimento. O primeiro propunha que a água era a origem do universo, a matéria-prima enquanto substância primordial fecundada pelo espírito, o arquê, que a animava. O segundo propunha esse início num princípio infinito e imaterial a que chamou apeiron. Finalmente, o terceiro afirmava que esse mesmo princípio era como um fogo, um ser primordial, criador e destrutor, que subjaz ao devir (a vida, a transformação e a morte) que caracteriza a natureza.
Foi em Mileto, na Jónia, que esta escola se desenvolveu. Os filósofos desta escola procuravam investigar os primeiros princípios, partindo da observação da natureza. O que lhes interessava era essencialmente o problema cosmológico, aparecendo aí o homem apenas como um ser entre os outros que constituem a natureza. O homem só aparece como objeto da filosofia, de facto, com Sócrates e, de algum modo com a sofística, mesmo se se considerar que nos fragmentos de Heraclito já está presente o homem, algumas vezes mesmo como centro da problemática.O que caracteriza a Escola Jónica, dentro da temática, já referida, da cosmologia e da cosmogonia é a sua conceção a um tempo unitária e pluralista do universo, visto que admite uma substância única como substância original de onde o cosmos, na sua diversidade, descende; mas defende a pluralidade dos elementos e dos seres como consequência desse momento primeiro. Por outro lado afirma ainda um hilozoísmo, quer dizer, uma união e indistinção entre matéria e espírito ou, dito de outro modo, a matéria animada por um espírito formando uma unidade indestrinçável.
Tales de Mileto é o fundador e inspirador da escola Jónica. Seguiu-se, em relação de aparente discipulado, Anaximandro, depois Anaxímines, de seguida Anaxágoras, Arquelau e, finalmente, Heraclito, este último aparecendo separado deste movimento, que embora conhecendo bem as doutrinas da escola, foi mais longe do que os seus antecessores.Tales, Anaximandro e Heraclito são os filósofos mais originais e criadores deste movimento. O primeiro propunha que a água era a origem do universo, a matéria-prima enquanto substância primordial fecundada pelo espírito, o arquê, que a animava. O segundo propunha esse início num princípio infinito e imaterial a que chamou apeiron. Finalmente, o terceiro afirmava que esse mesmo princípio era como um fogo, um ser primordial, criador e destrutor, que subjaz ao devir (a vida, a transformação e a morte) que caracteriza a natureza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário